Meridianos & Paralelos
Um blog de notícias alinhavadas quase sempre à margem das notícias alinhadas
sábado, janeiro 22, 2005
A Dama da Noite
Foto de Miri Bratu.
Morreu Consuelo Velázquez, a mexicana escritora de boleros, que compôs Bésame mucho. Antes dos 20 anos. Antes até do primeiro beijo, como viria a confessar mais tarde. Morreu aos 84 anos na sequência de “complicações cardiovasculares”. Fêmea trovadora que se pôs um dia a imaginar outra boca contra a sua e escreveu uma canção que nenhum grande amor inspirou. A canção deu a volta ao mundo. Foi gravada em 20 idiomas e permanece uma das mais interpretadas de sempre, segundo a Sociedade de Autores e Compositores do México. Ainda assim, foi Emílio Tuero quem primeiro a gravou. No tempo em que as rotações se faziam em vinil. No tempo em que os boleros eram latinos e se gemiam contra o tampo de um balcão qualquer, afogados em tequilla pura, sem contenção, exagerados, esventrados, desalmados, lamentos pungentes chorados na bainha lânguida das tabernas da noite. Antes de Hollywood, de Sinatra e dos bailes ao som da orquestra.
A devida vénia, Senhora!... Saiba que o mundo continua a morrer pela boca. Á beira de um beijo. Exactamente como se canta no seu bolero. Mucho!
Foto de Helmut Newton.
Besame, besame mucho
Como se fuera esta noche
La ultima vez
Besame, besame mucho
Que tengo miedo perderte
Perderte despues
Besame, besame mucho
Como se fosse esta noite
A última vez
Besame, besame mucho
Eu não queria perder
Te perder outra vez
Quero você bem mais perto
Me ver nos teus olhos
Te ter só pra mim
Pense que talvez um dia
Eu estarei longe
Bem longe daqui
Besame, besame mucho
Como se fuera esta noche
La ultima vez
Besame, besame mucho
Que tengo miedo perderte
Perderte despues
Quiero tenerte mas cerca
Mirarme em tus ojos
Verte junto a mi
Piensa que talvez mañana
Yo estare lejos
Muy lejos de ti